quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Uma noite a pensar em Tom & Jerry

Pois tinha sido um dia bem passado. A Mimi tinha celebrado o seu aniversário. Estávamos todos felizes e assim regressamos a"penates".
Embora ainda não fosse tarde, julgou-se que o mais coerente seria mudar de farpela e acomodar-nos , já de "fato de noite", a assistir a um dos filmes que vão aparecendo no"Cabo".
Mas o pior é que o signatário já não está habituado a jantar de faca e garfo, nem a devorar entradas de "paté", etc., e muito menos ingerir mais um ou dois copos de um magnífico vinho. Daí o João Pestana ter limpo os pés nas sobrancelhas e ter entrado nos meus olhinhos muito mais cedo do que é habitual.
Já estou a ver desenharem-se alguns juízos malévolos... :
-O que o tipo conseguiu foi o princípio de uma bezana !
Nada disso . Simplesmente não tenho ido aos treinos e isso paga-se.
Bom, mas não foi isso que quis relatar, sim, o depois...
Deitadinho e aconchegado, venha a noite a ver se eu tenho medo, adormeci calmamente ( já agora, amigos, sem sentir o tecto a andar à roda).
Duas e meia da manhã !
Poc, poc, poc, poc, cadenciadamente poc, poc, poc...
Acordei, abri semicerradamente um olhito e tentei descobrir donde vinha tal ruído.
Nada, e, poc, poc, poc, etc. e poc.
Levantei-me e comecei à procura do origem do barulhito que me tinha acordado. De ouvido em riste, não me vais escapar malandro, lá encontrei a razão de todo o mal:
Uma infiltração de água da chuva por cima da caixa do estore. E poc, poc, poc.
Quis verificar os danos e a origem do som e descobri para meu desagrado que os pingos que caíam, insistentemente, o faziam em cima da caixa da minha colónia D&G.
Oh, sacrilégio dos sacrilégios! , mas daí aquele som cavo do poc, poc, poc.
Apesar de meio adormecido arranjei as devidas forças e lá afastei o móvel. Era impossível colmatar, àquela hora, a fissura donde provinha a água. E o poc, poc, poc, passou.
Voltei para a caminha, o quarto de novo em sossego, silêncio absoluto, que bom vou voltar a dormir.
Puro engano ! Passados uns minutos, o João Pestana ainda não tinha voltado, nem sequer a limpar os pés nas sobrancelhas, e pic, pic, pic, e mais pic.
O chão estava começar a ficar cheio de água. Pôr um balde não resultava porque voltava ao início, colocar um pano que absorvesse a água só resultaria enquanto não tivesse encharcado, e o líquido caía cada vez com mais rapidez. Não dava para por uma rolha. Que fazer ?
Foi aí que me lembrei de um desenho animado da minha infância, do Tom & Jerry, em que o pobre do gato passava pelo mesmo transe, se bem que, aí, o tormento fosse acrescido pelas diabruras do rato.
Como tinha acabado a história ?
O gato não tinha dormido, estava estoirado, os olhos raiados de vermelho.
Pensei para mim, já perto das cinco da manhã, que não ia acabar como o felino, portanto, levantei-me, fechei as portas todas, e fui para a sala, tapei-me com a mantinha e esperei que a noite se fizesse dia, a meio dormir, porque tinha de me levantar cedo.
Mas nem o rato, nem o poc, poc, nem o pic, pic, tinham vencido.
Passei uma dura prova mas, na realidade, estou perdido de sono.

2 comentários:

Leonor disse...

Ou seja, para além da ressaca, hoje está perdido de sono ...
hahahahahahaha

Anônimo disse...

Porque é que colocaste nao pano dentro do balde? Assim tinham acabado os pocs e os pics, o pano encharcava mas ficava tudo dentro do recipiente.

E agora o pior vai ser o plim, plim, plim, ou seja, o barulho das moedas a cairem...
Se calhar nao, como tu és todo maozinhas, vais resolver o problema com um canivete suíco e um arame, nao é?

Beijinhos e boa sorte
Mipa

A Hora da Poesia- Rádio Vizela

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