(No café de estudantes quando se desafiava quem se escondia covardemente por detrás das lapelas dos casacos)
Já eram apontados a dedo
e ninguém se enganava
tinham os olhos como moscas
ouvidos como elefantes
narizes de perdigueiros.
No entanto tinham medo
queriam demonstrar o que não eram
e quedavam-se na caricatura
de velhas quadrilheiras
no trespassar das vizinhas.
Eles tinham medo
mas nós também
daí o desafio
de tomar café a olhá-los nos olhos
a cobri-los do ridículo
que se deve aos abutres que metem medo
mas fogem dos ratos porque roem roem roem...
Todos os homens são livres e iguais em direitos; e todavia, alguns são livres para morrer à fome e iguais para morrer de frio. (António Soveral-1905)
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sábado, 13 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Manuel Buiça e Alfredo Costa, Heróis ou traidores ?
O conto do paladino
defensor da justa causa
o dilema do homem na escolha
do prisma real de observação
herói ou traidor
qual o cognome
na revolução ?
O sangue do povo
o futuro
a honra
o sangue lava
aduba
fortifica
a nova árvore
que grita
que os seus ramos
têm sombra.
O futuro
que cresce longe
plantado num campo
vermelho-verde
sangue-esperança.
A honra
de erguer o braço
e dizer
PRESENTE...!
Só um prisma
então se pressente
e o dilema
se desvanece.
Miguel Gomes Coelho - De Coração na Mão -1978
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
A propósito
O formigueiro nas minhas mãos
aumenta sempre que as trompas choram.
Agudo chorar de trompa
som de mil gritos de dor
clamando por água.
De Coração na Mão -1978
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
A propósito
Fugaz.
Como a memória das pedras
a palavra
retine no seu amargor
a angústia das mãos sem dedos
das caras sem olhos
nas mentes sem mente.
Como a memória das pedras
a palavra
no seu esplendor
lança nos degelos sucessivos
o eco dos silvos notáveis
a recordação das melhores mãos
que construiram o glaciar.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Mensagem
Chega
as mãos
ao corpo.
Comprime-as
com força
contra o peito
e sente
que respiras.
Sente
que RESPIRAS
que ainda não estás
morto como julgas
nem abandonado
como pensas.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Tarrafal começou há 73 anos
Muitos ainda se recordarão da imensa mole humana que acompanhou, em Lisboa, logo a seguir à Revolução, a transladação para o Cemitério do Alto de S. João em Lisboa dos restos mortais dos dos prisioneiros falecidos no Campo da Morte Lenta.
Recordo-me de ter chegado a casa e ter escrito:
Recordo-me de ter chegado a casa e ter escrito:
Quem disse que os pássaros depois de mortos
se esquecem do cativeiro ?
Quem disse?
Cedo ou tarde haviam
de quebrar-se as algemas
os gritos roucos abafados
as doenças incuráveis.
Cedo ou tarde os heróis
voltariam para sentar-se
no trono das mãos entrelaçadas
que justifica a odisseia.
ou ainda
(ouvindo falar um dos sobreviventes do Tarrafal )
Para que as feridas não sarem
apenas com o fumo do tempo
porque a morte existiu ali
no campo do perpétuo tormento
te recordo quotidiano
em palavras de mar jurando
esse desejo de verde ventre
neste caminho de deserto.
Aqueles que em hino cantaste
- conchas de água no meio da sede -
homens oásis perenes
onde sempre o ódio se vede
jamais partirão à voragem
de um pragal de sofrimento.
E porque a morte não resiste
a vida persiste
e os vivos e os mortos passam
de abraço em abraço
num arrepio quase faminto
de um infinito que esmaga.
e já passaram cerca de 30 anos...
sábado, 25 de abril de 2009
Há 35 anos
7. (...e enquanto uns de mãos cheias gozavam a prerrogativa de um horizonte aberto
outros sobreviviam em cada minuto vivido .)
O grito retumbou como um rasgão de denúncia.
outros sobreviviam em cada minuto vivido .)
O grito retumbou como um rasgão de denúncia.
Correram todos à rua levando
a única arma que os distinguia
o cheiro a sal a cimento a aço
a terra apodrecida
o olhar vítreo no horizonte limitado
mas firma no horizonte sempre reinventado.
Era a Liberdade
a revolução exangue
a espada paladina desembainhada
por sobre as cabeças gritando
que para sempre se haviam fundido
as grades os grilhões e as cadeias
não seriam mais colmeias de gente desesperada.
Era a Liberdade
de se ser homem
ser livre no pensamento
olhar o pão e dizer MEU
porque ganho sem opressão.
Era a Liberdade
de dizer suas as suas mãos
e no delinear de um gesto
um símbolo supremo e simples
ficasse suspenso e dissesse
FUTURO.
Era a Liberdade
de provocar na memória o esquecimento
e de mãos em concha receber
e molhar os olhos de água pura
de um poço subterrâneo de novo aberto.
Era Liberdade
de poder correr ao campo sozinho
e gritar a opressão e a chacina
sem olhar de soslaio as árvores e as plantas
sem desconfiar do próprio ribeiro limpo.
Era a Liberdade
de poder escrever e denunciar
os versos de dor tão idealizados
sem recorrer ao laboratório da mente
e escolher palavras cobertas.
Era a Liberdade
de poder dizer País e Pátria amada
de ser livre e dar aos outros
à luz do dia e da razão
a mão tão franca
outras vezes dissimulada.
Era a Liberdade
e o fim de todas as cadeias
de toda a opressão
de todas as ideias
impostas sobrepostas.
Era a Liberdade !
E na rua
de mãos nuas
o Povo gritava
" Água pura ! Água pura ! "
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
O problema da imigração
terça-feira, 19 de agosto de 2008
sábado, 26 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Dedicatória
Para ti
.........................
as palavras com que sagro no meu peito
o quotidiano amor redescoberto.
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A Hora da Poesia- Rádio Vizela
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Eu sei que é o primeiro daquilo que se deseja uma nova série. Voltar ao blogue deveria significar recomeçar com um texto de alegria, talvez....
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E volto aqui sempre que posso, enche-me o peito... E cada vez mais do que nunca...
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As "Alegações finais" de Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, sobre a fome no nosso país, e publ...