domingo, 22 de junho de 2008

Todo um tempo de Saudade

Faz hoje, precisamente, um ano que tive, ao que a memória me permite, o maior desgosto da toda a minha vida.

Recordo-me que há 50 sofri muito, mas eram onze anos apenas, a vida pouco ou nada me tinha ensinado, foi passando o tempo mas nunca esquecido. Ainda hoje, venero aquela figura, que aliás conheci tão mal, mas cujo retrato me habituei a olhar com profundo respeito e a pensar sempre que aquele era o meu exemplo.

Há um ano foi diferente. Foram quase 60 anos de contacto diário. Foram décadas de profunda dedicação, extraordinariamente recompensadas com aquele amor transbordante que Ela sentia por qualquer dos filhos. Aquela força interior que nos unia e nos une.

Há um ano as minhas mãos ficaram mais vazias , os meus braços sem aqueles abraços, os meus olhos mais tristes, e a minha cabeça perdeu o colo onde se recostava e agradecia aquele cofiar gentil dos cabelos, com aquelas unhas enormes, mas incrivelmente cuidadosas e ternurentas.
Há um ano cresceu dentro de mim uma enorme árvore da Saudade, que não definha, cada vez cresce mais.

Há um ano foi, certamente, o início de todo um tempo que já nada me fará esquecer.
Foi, de certeza, o princípio do resto!

4 comentários:

Leonor disse...

:)beijinhos e mais beijinhos. Há um ano perdiamos todos um pilar enorme que, porém, entre saudade e lembrança continua muitíssimo presente.
Aquele outro de que fala no início nunca o conheci e no entanto, de tanto ouvir falar, olho para as fotografias da mesma maneira ... com profundo respeito.

Miguel Gomes Coelho disse...

Obrigado MLee,
és mesmo uma distinta continuadora...

Anônimo disse...

Muitas lágrimas, vazio enorme imensas SAUDADES. Mais nao consigo dizer.
Tem-me feito muita, muita falta. Lembro-me muito Dela, falo com ELa e tento que a nossa velhinha continue a "viver" entre nós. Dou por mim a contar aos meus fihos, mais à Joaninha, coisas que Ela dizia ou episódios que vivemos juntas. Como por exemplo: "És pior que o "Pissa Lapissa", tudo o que vê cobica....

Um grande beijo
Mipa

Miguel Gomes Coelho disse...

É verdade Mipa, e são os exemplos que nós contamos aos nossos miudos que lhes vão definindo quem era a bisavó.
O "Mal disseram soldados à guerra",o "Aqui está esta couve, couvinha...",etc. são coisas que os divertem e depois querem saber mais sobre a nossa Querida.
Quanto às saudades, ficamos nós com elas, mas tentando sempre encontrar consolo com a sua recordação.
Beijos grandes para ti.

A Hora da Poesia- Rádio Vizela

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