A recente recuperação que, paulatinamente, se tem feito, via editoras de livros e estações televisivas, do mito do Dr. Salazar de má e funesta memória, fez-me olhar uma notícia saída no DN de hoje com tristeza suficiente.
Fala a notícia de um "Nazi de 89 anos extraditado para a Alemanha".
Pois, o país do Nazismo não esqueceu .
O ucraniano Demjanjuk vai ser julgado naquele país por, depois de ter sido soldado do exército vermelho e capturado pelos nazis em 1942, se ter tornado guarda de campos de concentração, tendo servido em Treblinka, Sobibor e Majdanek, com inquebrantável desvelo.
Se Demjanjuk não diz quase nada a ninguém, o nome porque ficou conhecido, Ivan, o terrível, já não é desconhecido por muita gente.
E foi extraditado para ser julgado na Alemanha, embora à revelia já tivesse sido condenado à morte em Israel.Mas como vivia nos E.U.A., lá foi conseguindo escapar até que...
Nada é permanente nesta vida e o Ivan, esqueceu-se que o país que lhe tinha dado guarida desde 1952 tem leis, e nestas coisas não perdoa.O tribunal de Cincinnati decretou a extradição.
Vem isto à guisa de, neste nosso país de velhacos costumes, se apadrinhar com benovolência o branqueamento de uma figura como a do antigo ditador de Portugal. E não digam que é recente.Salazar morreu há 40 anos. O Ivan fez o que fez há cerca de 60 .
O problema de memória, portanto, é nosso, infelizmente nosso.
Todos os homens são livres e iguais em direitos; e todavia, alguns são livres para morrer à fome e iguais para morrer de frio. (António Soveral-1905)
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