sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Manuel Alegre

Pela muita consideração e simpatia que nutro por Manuel Alegre, sobretudo como poeta e como resistente, e com o qual me identifico em muitas posições e opções políticas, não posso deixar de verberar a sua recente conduta no que respeita às questões que tem levantado no partido a que pertence.
Como já afirmei não sou filiado no PS e talvez por isso tenha mais facilidade em olhar os assuntos com maior independência.
Manuel Alegre apresenta-se, actualmente, perante o país como um "enfant terrible" do PS. Uma pessoa que actua, políticamente, na lógica de um Francisco Louçã . Talvez não seja dispicienda a sua recente aproximação às realizações daquele grupo político. Mas em nada o beneficia.
Manuel Alegre tem todo o meu apoio no que respeita à liberdade de voto dos deputados e à sua liberdade de consciência, mas anda mal quando lança diatribes à JS, onde, segundo consta, a sua influência é pequena ou quase nula. Aliás, como no resto do partido, segundo parece.
Ouvir um jovem (JS) desafiar o velho político, quase que o chamando à atenção por os querer calar, num assunto que tem a ver com as Liberdades e Garantias de uma parte da população(casamento dos homossexuais), e sobre o qual não me recordo do poeta ter tomado pública posição, ,soa-me a inusitado mas foi o deputado que se colocou nessa situação. Seja grande ou pequena a fatia da população que quererá ver esse asunto resolvido não interessa, porque não deixam de ser Liberdades e Garantias constitucionalmente aceites, e, condenável, porque pelas suas palavras será, parece, um assunto menor, e só a Lei Laboral e assuntos semelhantes são importantes.
Já agora seria interessante saber o que Manuel Alegre pensa soubre o tema.
Que diria Manuel Alegre se a JS começasse a gritar o slogan que mais distinguiu o poeta :"Não nos Calaremos !"
Terá Manuel Alegre necessidade disto no ocaso da sua vida política ?
Creio que não e só perderá com tal situação, o que muito lastimo.
Até porque não foi o único a fazer opções mais à esquerda dentro do PS, e que tiveram a coragem de romper. Haja memória :
Foi o caso do saudoso Engº. Lopes Cardoso e da sua UEDS. Nessa altura Manuel Alegre ficou no partido junto a Mário Soares, não alinhou com a rutura que parece querer fazer agora ou levar outros a obrigá-lo a fazer.Como também não alinhou com a rutura de outro histórico, Salgado Zenha, ficou também ao lado de Mário Soares.
Estas palavras não retiram nem um pouco ao meu positivíssimo conceito sobre Manuel Alegre, mas se não o fizesse, poder-se-ia pensar, por omissão, que estaria de acordo.
PS.: É claro que ninguém me perguntou, mas é para memória futura.

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