Elegia
A ténue recordação de tantos rumos
ao olhar este mar
o último dos muitos navegados
deambulando entre o desespero e a esperança.
Por que vagas se ficaram as ilusões
de novas enseadas e novos cais ?
Por que terras nunca aportadas
vaguearam os sonhos deste marinheiro ?
Esburgo o que resta de tanta viagem :
meia dúzia de mãos abertas
algum porto de aconchego e pouco mais.
(Olho do alto da gávea...)
Não acredito que exista algum abrigo
para além desta água.
O derradeiro dos mares sorve-me
e acompanha-me num préstito
de que desconheço a duração.
Aqui ou pouco além tudo acaba,
as imagens desvanecem-se, nada mais é urgente.
Estas águas, como o tempo, apenas vogam
ao sabor de um intento inexorável que as dissipam.
Todos os homens são livres e iguais em direitos; e todavia, alguns são livres para morrer à fome e iguais para morrer de frio. (António Soveral-1905)
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2 comentários:
Miguel,
Muito bela esta elegia ao seu amigo Guillaume que, assim, com esta evocação, não permite que se "desvaneçam as imagens".
Feliz de quem tem amigos assim.
Um abraço.
Maria Josefa,
na realidade era um homem de quem gostava muito.
O café, de manhã, na Mexicana não volta a ser o mesmo.
Um abraço.
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