Ouvidas as reacções dos diversos partidos após as consultas do primeiro ministro indigitado, ficamos perfeitamente elucidados.
Todos dizem não, todos dizem talvez, o mas também aparece e então o caso a caso é geral.
Quer isto dizer que todos assinaram um tratado de hipocrisia.
Ninguém deseja que o governo caia porque levaria certamente a novas eleições e todos reconhecem que sairiam profundamente maltratados.
Por isso, adiam tomadas de posição perante os seus eleitorados para a votação do orçamento que serão obrigados a viabilizar nem que seja com a abstenção conjunta do oposição e consequente passagem do mesmo com os votos maioritários do partido do governo. E digo conjunta porque não estou a ver nenhum votar contra e assumi-lo perante os eleitores. Isso significaria intransigência política o que, perante os problemas que pairam sobre a cabeça dos portugueses, lhes causaria, certamente, muiros amargos de boca no futuro.
Daí que as declarações expendidas nestes dias pelos líderes políticos tenham um valor meramente simbólico, onde nenhum quer perder a face. Depois, no concreto, ver-se-ão as cambalhotas, as fintas e as esquivas, que o "interesse nacional" proporcionará . É que o "interesse nacional", então, já servirá para encher a boca e justificar posições. E nenhum partido quererá indispor os seus votantes.
A ver vamos...
Todos os homens são livres e iguais em direitos; e todavia, alguns são livres para morrer à fome e iguais para morrer de frio. (António Soveral-1905)
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