Aparte ter ficar espantado com a atribuição de um Prémio com o nome do poeta e pensador Fernando Pessoa a um dignatário de uma organização religiosa de que o mesmo poeta e pensador era muito crítico,
assim como, eu, considerar não se enquadrar na filosofia do próprio prémio, fica-me a sensação de que, apesar dos méritos pessoais de Manuel Clemente, considerado como cidadão português,é claro, foi mais a reboque da sua qualidade de bispo, da vontade de integrar este prémio, neste ano de comemoração do Centenário da República e da já polémica visita papal, num movimento mais lato de recuperação da imagem cada vez mais embaciada da igreja católica e da presumível discussão sobre o papel da igreja durante a 1ª. República.
Pressurosamente,ao contrário do que sucedeu com a homenagem a Melo Antunes, o PR veio logo demonstrar a sua grande alegria pela atribuição do prémio ao prelado do Porto. Sintomático !
6 comentários:
Olá, Miguel :)
Acabei de ouvir a notícia. Também me causou um certo espanto. Espero sinceramente que o prémio tenha sido atribuído, antes de mais, ao cidadão. No entanto, não pude deixar de ter a intuição da possibilidade do contrário, tal como o Miguel refere.
Um abraço
Se até o próprio ficou admirado, Miguel! Mas o que não me impediu de dar uma gargalhada foi um outro padre ter dito que Fernando Pessoa, lá no céu, também devia estar muito satisfeito por esta atribuição do prémio ao Bispo Manuel Clemente. Não deve ter lido muita coisa de F. Pessoa.
Quem ficou quase "histérico" de alegria foi Cavaco Silva. Não só deu parabéns ao premiado como ao próprio júri que o atribuiu. Nem parecia ele.:)
Um abraço e bom fim-de-semana.
Ana Paula,
Eu não acredito em bruxas ...
Como já tem lido, nada tenho contra os homens da igreja, como cidadãos. Sou leitor assíduo do padre Anselmo Borges que muito considero. Ouço com frequência o bispo Manuel Clemente, sobretudo sobre assuntos religiosos. Agora a opoprtunidade do prémio e a sua aplicação à filosofia do mesmo é que me deixa de pé atrás.
É verdade que o mesmo já foi entregue por uma vez a um manifesto anti-pessoano ou talvez só, crítico de Pessoa.
Mas de qualquer modo, e pelo que a seguir se viu, desde as palmas do padre porta voz da conferência episcopal, até a declarações do próprio bispo ao jornal "I", o enfoque está mas teorias que a iogreja defende para a família, já para não falar, como antes referi, à vontade da própria hierarquia da
em querer faz parte das comemorações do Centenário da República, quando bem sabemos, foram dos seus principais inimigos.
Um abraço.
Maria Josefa,
juntando ao que atrás já escrevi à Ana Paula Sena, e para referir, apenas, o contentamento de Cavaco, já nada me espanta.
Desde acólito durante 4 dias do Papa e, vamos ver como se comporta na recepção ao Bento XVI, nessa altura ambos como chefes de estado; espero que não lhe beije o anel nem se curve, mas já tudo espero de um PR que não respeita os portugueses que não o acompanham nas convicções religiosas.
Mas já estamos por tudo não é ?
Esperemos é que não se repita por mais 4 anos, e já falta pouco para o fim deste mandato.
Um abraço.
Estamos com um problema cultural muito sério neste país.
Fernando Pessoa estará, neste momento, a rebolar de riso na tumba, ou a rebolar de raiva... não sei.
Cão sem raiva,
se calhar ria-se de tristeza...
Era mais o seu estilo.
Um abraço.
Postar um comentário