Todos os homens são livres e iguais em direitos; e todavia, alguns são livres para morrer à fome e iguais para morrer de frio. (António Soveral-1905)
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Viver é partilhar
Viver é partilhar odeio a solidão
A grilheta da morte quer-me reter ainda
Já não beijo ninguém como beijava dantes
O pão era sinal de ser feliz
O bom pão que nos torna mais quente o nosso beijo
Como abrigo possível só há o mundo inteiro
Pr'a mim viver é hoje responder aos enigmas
É renegar a dor que é cega de nascença
E sempre em pura perda estrela sem qualquer brilho
Viver perder-se para reencontrar os homens
Que a palidez do rio encubra a do arroio
Que olhos de maravilha vejam tudo em seu lugar
A miséria acabada e os olhos lavados
Uma ordem crescendo do grão à flor à árvore
Andaimes vivos a sustenter o mundo
A criança a renascer em cada homem e rindo.
Paul Éluard - Poemas Políticos
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